"O mínimo para viver" e a constante exaltação do corpo magro

Um filme original Netflix

"- Eu estava saindo do meu apartamento um dia e uma pessoa que eu conheço há muito tempo, da idade da minha mãe, me disse: Olha para você! Eu tentei explicar que emagreci por causa de um papel, mas ela continuou: Não, eu quero saber o que você está fazendo, você parece ótima! Eu entrei no carro com a minha mãe e disse: É por isso que existe o problema." - Lily Collins, em entrevista para a revista The Edit.

"O mínimo para viver" é um filme original da Netflix (que por sinal, vem arrasando nas produções ultimamente) que fala sobre distúrbios alimentares. Há algum tempo eu havia feito o download no aplicativo para ver num momento oportuno. Daí que hoje, num intervalo de 2 horas de espera no curso da minha irmã, eu resolvi assistir pra matar o tempo e cheguei à conclusão de que não poderia ter feito melhor escolha.

Ellen (Lily Collins) é uma garota de 20 anos que sofre de anorexia. Por causa de seu temperamento conturbado e difícil, ela foi expulsa de diversas clínicas de reabilitação e sua família já não sabe o que fazer a seu respeito. Até que, numa última tentativa de solucionar o problema, um médico não convencional, interpretado por Keanu Reeves (Alô MATRIX), apresenta a Ellen uma nova forma de enxergar a vida e sua doença.

Existem vários aspectos a serem explorados nesse filme, porém isso não poderia ser feito sem dar vários spoilers do que acontece durante o mesmo, por isso eu resolvi me conter (e você, vá assistir) e falar apenas sobre a forma como o filme me tocou.

Eu nunca passei por nenhum distúrbio alimentar. Mas, se você é mulher, vai concordar comigo sobre como, desde a tenra idade, somos doutrinadas a manter um corpo magro e "bonito" aos olhos da sociedade. E eu acreditava nisso. Eu não me considero uma pessoa que teve uma infância difícil, pelo contrário, sempre fui muito bem tratada e tive muita assistência. Na pré-adolescência eu era magra, muito magra, e isso incomodava. Mas depois que "virei mocinha" (vulgo menstruei) meus seios cresceram, mais do que o normal para todas as minhas colegas, e eu comecei a engordar um pouco. 

Desde então eu escuto frases como "toma cuidado, tá engordando" ou "se você fosse mais magra essa roupa ficaria melhor", entre outras afirmativas que mais nos colocam pra baixo do que nos "motivam" a correr atrás do ideal de corpo imposto pelas grandes e pequenas telas.

O fato é que eu nunca mais tive saboneteiras, mesmo. E teve uma época em que isso me incomodava bastante, a ponto de eu contar calorias, correr atrás de shakes e enaltecer elogios como "olha, sua cintura está mais fina". E o pior é quando estamos no limbo do peso, a famosa "magra demais pra ser gorda e gorda demais pra ser magra". Hoje eu tô aí nesse limbo. Não posso dizer que me sinto totalmente satisfeita com meu corpo, por que todo segundo que eu tento eu escuto afirmações reguladoras de corpo e só me sinto bem em roupas que não marquem minha silhueta me lembrando que eu não tenho quadris ou uma bunda bonita.

E onde eu quero chegar? Não sei. Esse também é um desafio pra mim. É remar constantemente contra a maré da exaltação do corpo magro e definido. Contra as fotos de antes de depois, como se o antes fosse o inferno e agora (depois de -10kg) fosse o céu.

Permaneço lutando para me sentir bem em minha própria casa, entender que 2 quilos a mais não foram engordados, foram vividos em 1 semana e meia de férias maravilhosas. Entender que o vestido precisa caber em mim e não eu nele.

Estou lutando aqui, dia após dia.

Até amanhã.




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